Vendedores, moradores e frequentadores do espaço, no Bairro Verdão, avaliam lados positivo e negativo da obra feita para a Copa do Mundo de 2014.
Por Rogério Júnior, g1 MT

Oito anos depois da Copa do Mundo no Brasil, o entorno da Arena Pantanal, uma das obras feitas para o evento em Cuiabá, segue sendo utilizado para a prática de atividades físicas e encontros, mas com menos movimento do que em anos anteriores.
Os moradores da região reclamam da falta de saneamento básico adequado e da falta de movimento, principalmente quando não há jogos, como agora – o Cuiabá Esporte Clube, que recebeu os adversários do Campeonato Brasileiro no estádio, já encerrou os compromissos de 2022.
O estádio teve um custo inicial, em maio de 2010, de aproximadamente R$ 395 milhões. Até o final das obras, o valor ultraou os R$ 500 milhões. Atualmente, a Arena recebe jogos de competições estaduais e nacionais.
Nas proximidades fica localizado o ginásio poliesportivo Aecim Tocantins, que recebe ocasionalmente partidas de vôlei de torneios locais, nacionais e internacionais. No entorno da região também está a Unidade de Pronto Atendimento do bairro, a UPA do Verdão.
Quando não há jogos oficiais, jovens aproveitam a estrutura da arena para jogar vôlei e basquete. Uma pista de skate — pichada com um aviso para que ninguém a use como escorregador — compõe o cenário. No dia em que o g1 esteve no local, havia bastante lixo acumulado na área, como restos de fogos de artifício.
À sombra do estádio, do outro lado da rua, vive a família do jardineiro Silvio César Moreira da Silva, que acompanhou a construção da arena no Bairro Verdão. De sua casa de madeira e sem portões, onde moram seis pessoas, Silvio contou que ainda vê esgoto jorrar pela rua em dias de chuva.
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“A gente espera que melhore muito, porque não temos esgoto. Vem um cheiro forte quando chove. Esperamos um centro comunitário e uma pracinha para as crianças brincarem, já que é muito perigoso andar de bicicleta [na região], por exemplo, por causa do movimento de carros, que é intenso”, contou.
Nos dias em que a família de Silvio presencia a água de esgoto vertendo pela rua em frente à casa, eles precisam se trancar dentro da residência para ar o cheiro, por falta desse saneamento básico.
A casa deles, no entanto, permanece inalterada e foi, com o ar do tempo, sendo espremida pelos demais imóveis do entorno, que foram se valorizando conforme o estádio ganhou notoriedade e destaque nacional.
A família de Silvio já foi procurada inúmeras vezes para vender o imóvel desde que a arena foi concluída. Mas ele não pretende sair dali de jeito nenhum. Afinal, segundo ele, pela pior fase, eles já aram, quando o estádio estava em obras e era difícil dormir por causa do barulho. O único som que escutam, agora, é a vibração da torcida em dias de jogos.
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Já para o casal Paulo Zeferino e Ivelize Provenzano, que caminha todos os dias ao redor do estádio com os cachorros, a tranquilidade em relação às questões de segurança é um ponto importante para frequentarem a região da Arena Pantanal.
“Acho que o pessoal que mora aqui perto dificilmente reclama. Eu acho primordial usar isso aqui para toda a família e até para valorizar o ambiente. Quando tem jogos, aí é difícil de vir aqui”, disse Paulo.
Vendedores ambulantes comemoram movimento
Ao pé da calçada que contorna a arena, próximo à entrada, o vendedor ambulante Nonato dos Santos Sousa, de 43 anos, vê com otimismo o movimento na região.
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Ele trocou o emprego na área de segurança para vender lanches devido a uma cirurgia no coração. Ele mora em Várzea Grande, na região metropolitana da capital, e sai de casa de domingo a quinta-feira para trabalhar diante do estádio.
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“Para mim, melhorou depois da pandemia, porque o povo voltou, mas eu não parei, mesmo com as restrições. A arena atrai bastante gente, principalmente em dia de jogo”, afirmou.
A poucos metros dali, o vendedor ambulante Lucas Henrique da Silva Vieira, de 26 anos, enxerga de outra maneira a situação. Para ele, desde 2019, quando foi colocada uma cerca ao redor do estádio, o movimento de pessoas diminuiu significativamente, quando não há jogos.
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O que diz a prefeitura
Ao g1, a prefeitura de Cuiabá informou, por meio da Secretaria Municipal de Obras Públicas, que uma equipe técnica irá visitar a rua em frente à casa da família de Silvio César para verificar as medidas que poderão ser adotadas para resolver os problemas apontados pelo morador.
A Concessionária Águas Cuiabá, responsável pelo serviço, informou que a implantação de rede de esgoto solicitada pelo morador já foi iniciada e deve ser concluída até 2024, conforme acordo firmado com a prefeitura da capital.
Já a Empresa Cuiabana de Zeladoria e Serviços Urbanos reforçou que o Bairro Verdão tem o Centro Esportivo e de Lazer “Senador Jonas Pinheiro”, conhecido como “Pinheirão”, inaugurado em 2019, com campo de futebol, quadra de areia, academia ao ar livre, ambiente para food truck e um playground, o que inclui brinquedos exclusivos para pessoas com deficiência. O local ainda possui vestiário para equipes esportivas e banheiro público.