Essa foi a primeira prótese de casco de jabuti feita em impressora 3D no mundo.
Por Kessillen Lopes, G1 MT

O designer Cícero Moraes, de Sinop, no norte de Mato Grosso, entrou para o ‘Guinness Book 2022’ – o livro dos recordes –, lançado na terça-feira (14), após reconstruir o casco de um jabuti que perdeu a proteção durante um incêndio em 2015. Essa foi a primeira prótese de casco de jabuti feita em impressora 3D no mundo.
Ao g1, Cícero contou que recebeu a notícia com surpresa e, no início, pensou até que era uma pegadinha.
“Só acreditei quando entrei no link oficial e vi o nome do grupo que ajudou na reconstrução. Quando criei o casco não esperava isso. Estava preocupado em saber se a prótese iria funcionar. O medo do insucesso estava presente. Felizmente, deu certo e o estouro midiático foi um bônus que nos trouxe muita honra e alegria”, pontuou.
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O jabuti que recebeu a nova proteção ficou gravemente ferido em um incêndio florestal que ocorreu em Brasília. Além disso, sobreviveu a duas crises de pneumonia e 45 dias sem comer, antes de ser encontrado pelo grupo de voluntários ‘Animal Avengers’ e encaminhado a um veterinário especialista em animais silvestres.
Sem o casco, o jabuti não consegue ficar muito tempo no sol e fica exposto a ataques de outros animais e a espinhos encontrados nas matas.
“Quando foi resgatada, Fred tinha apenas um restinho de casco, que logo caiu. Ela ficou totalmente desprotegida. Solicitei várias fotos dela e de um jabuti de estimação de um colega de Sinop para fazer o parâmetro. Depois, joguei tudo no computador e fui reconstruindo a volumetria”, explicou.
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A reconstrução
Segundo Cícero, quando o animal chegou na clínica, tinha larvas de insetos na região onde o casco foi destruído. Enquanto Fred recebia o tratamento em Brasília, o designer preparava o novo casco em Mato Grosso.
“Fizemos a reconstrução a partir das fotos. O mais difícil foi dividir essa próstese em quatro partes. Nunca tínhamos feito isso e não podíamos errar. A impressão 3D foi um processo extremamente complexo”, contou.
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As peças maiores do casco levaram cerca de 50 horas para serem impressas e as menores de 28 a 35 horas, segundo Cícero.
Ao todo, o projeto demorou cerca de um mês para ser concluído.
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Depois de pronta, a nova casca foi encaminhada para Brasília e a cirurgia foi feita pelos veterinários Roberto Fecchio, Rodrigo Rabello e Matheus Rabello, e pelo cirurgião dentista Paulo Miamoto.
“Assim que a jabuti voltou da anestesia, o primeiro movimento dela foi se esconder no casco e essa foi uma prova concreta de que o projeto deu certo. Todos ficaram muito contentes”
Em 2016, um engenheiro fez uma pintura realista no casco para completar o projeto e, desde então, o animal vive em um espaço reservado na casa do veterinário que fez os primeiros socorros.