‘É amor e renda extra’, diz costureiro que chega a faturar R$ 15 mil na quadra junina 4m5e23

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Movimentações juninas já iniciaram em Macapá e aquecem vários setores da economia. Ateliê de Charles Mira trabalha exclusivamente para a época. Tem quadrilha que já investiu mais de R$ 40 mil este ano. Quadra Junina amapaense movimenta ateliês de costuras
Rita Torrinha/G1
O período junino já iniciou em Macapá. A festa tem um importante papel econômico, com geração de empregos e renda, e entre os espaços que mais recebem investimentos em serviços estão os ateliês de costuras. Nessa época, o estilista e costureiro Charles Mira chega a faturar mais de R$ 15 mil.
O trabalho é voltado inteiramente aos festejos de São João. Outras encomendas ele afirma que vai voltar a receber somente após junho.
“Chego a ficar de quatro a cinco dias sem dormir direito, só no café. A quadra junina é uma brincadeira séria, a gente gasta e ganha dinheiro. Aqui a costura iniciou no final de abril e todos da família auxiliam. É muito amor, junto com renda extra”, contou Mira.
Costura, borda, pinta, confecciona anáguas e folhos, customiza chapéus e sapatos. O trabalho é grande e intenso. Somente para o grupo do qual faz parte e no qual também ocupa a função de coreografo, Charles tem que entregar, até sábado (19), o total de 50 roupas, para os 25 pares de brincantes.
Para dar conta do compromisso, ele conta com a ajuda integral da família. Cinco pessoas trabalham com ele, entre irmãos, mãe e o pai, cada um tem uma função. Maria das Graças é uma das auxiliares e, para ela, o período é de alegria.
“Meu filho faz parte de quadrilha há mais de 20 anos e todos os anos a minha casa vira ateliê. É uma alegria. Eu amo tudo isso. Faço os folhos, as anáguas, ajudo nas costuras. Pulo da cama às 5h e venho para a máquina, e todos ganham o seu dinheirinho extra”, falou a mãe de Charles, que tem 62 anos.
Maria das Graças auxilia o filho nas costuras
Rita Torrinha/G1
A costura é apenas uma ponta da cadeia produtiva movimentada pela quadra junina. Diretor do grupo São João, Charles Penha colocou as despesas na ponta do lápis e chegou ao valor de mais de R$ 40 mil já investidos na quadrilha este ano.
“Sem dúvida o movimento junino aplica milhões no estado. Geramos dividendos para o comércio local, com sapateiros, customização, soldador, indústria do ferro, coreografos, estilistas, aderecistas, costureiras, ônibus, gráficas, serigrafias, combustível, roupas, marcador. Tem quadrilhas, como a nossa, que trazem profissionais de fora”, pontuou.
Materiais são adquiridos no mercado interno, mas também em Belém e em São Paulo
Rita Torrinha/G1
Os materiais são adquiridos no mercado interno, mas também em Belém e em São Paulo, considerados os principais fornecedores do Amapá, para quem atua na quadra junina e também no carnaval.
Penha diz que existem cerca de 70 grupos somente em Macapá, e muitas chegam a gastar acima de R$ 100 mil, tudo para apresentar ao público a melhor performance.
Este ano, o Amapá recebe pela primeira vez um festival nacional de quadrilhas juninas. O evento deve reunir 12 quadrilhas de outros estados, no período de 5 a 7 de julho, em Santana. Antecedendo essa agenda, desde abril os grupos começaram a disputar títulos nos pré-festivais que acontecem nos quatro polos municipais.
Charles Mira chega a trabalhar cinco dias sem dormir direito, para dar conta das encomendas
Rita Torrinha/G1
O diretor da São João, grupo criado há apenas dois anos, considera os festejos uma paixão. O costureiro e estilista Charles Mira concorda e completa.
“Pra mim é amor, paixão, alegria, energia, fraternidade, explosão de felicidade. Por isso é tão colorida, tão cheia de brilho e tão contagiante. Os festejos juninos celebram a dança, os santos, ajudam centenas de famílias a ganharem uma renda extra e movimenta a cidade”, finalizou.
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