Alvos da Polícia Federal, JBS E BRF têm 28 unidades em MT

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Marcas como Sadia, Seara e Perdigão são acusadas de vender carne estragada e contaminada
Reprodução

*A JBF é uma das empresas investigadas pela Polícia Federal

Os grupos JBS e BRF, acusados de fraudar certificados de qualidade de produtos e de liberar lotes de carne estragadas, contaminadas com bactérias e com utilização de produtos cancerígenos, possuem 28 unidades industriais em Mato Grosso.

As irregularidades foram apontadas na Operação Carne Fraca, que foi deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (17) e cumpriu 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão.

Em Mato Grosso, o grupo JBS informa em seu site que possui 24 plantas, entre unidades de processamento de bovinos, de confinamento de bovinos, de couro, centros de distribuição e unidades e centros de distribuição de aves.

Já a BRF possui quatro unidades industriais, além de um centro de distribuição, em Várzea Grande, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Nova Marilandia e Campo Verde.

De acordo com o superintendente federal da Agricultura do Estado (SFA-MT), José Assis Guaresqui, embora as unidades em Mato Grosso não tenham sido alvo no esquema apurado, não é possível descartar a possibilidade de os frigoríficos serem investigados em desdobramentos da operação.

“Pode ser que, por derivação, haja alguma coisa em alguma planta aqui do Estado, mas não há ninguém da superintendência relacionado até o momento. Eu não vou dizer com certeza, mas acho bastante impossível que alguém da nossa equipe esteja envolvido nisso”, afirmou.

Entre os presos na operação estão o executivo da BRF, Roney Nogueira dos Santos, gerente de relações institucionais e governamentais, e André Baldissera, diretor da BRF para o Centro-Oeste.

*Unidade da BRF em Mato Grosso: PF investiga caso há dois anos

Dois anos

Por meio de nota, a Polícia Federal afirmou que detectou em quase dois anos de investigação que as superintendências regionais do Ministério da Pesca e Agricultura dos Estados do Paraná, Minas Gerais e Goiás atuavam para proteger as empresas.

Segundo os investigadores, o esquema funcionava por meio de agentes públicos que se utilizavam do poder de fiscalização para cobrar propina e emitir certificados sanitários e facilitar a produção de alimentos adulterados.

Entre as marcas comercializadas pela JBS estão a Friboi, a Seara e a Maturata. O grupo BRF engloa, entre outras, a Sadia e a Perdigão.

Conforme as investigações, uma funcionária de uma das empresas envolvidas no esquema revelou a utilização de ácido ascórbico – uma substância cancerígena – na composição de salsichas e linguiças, que seriam ainda produzidas a partir de carne estragada.

A funcionária relatou ainda que havia liberação de um lote contaminado com salmonela em um frigorifico de Rio Verde (GO), além de remessas de frango com papelão e lotes de linguiça com carne de cabeça.

Capitalismo

O delegado federal Maurício Moscardi Grillo, que está investigando o caso, afirmou que a prioridade das empresas envolvidas era “o capitalismo, o mercado, não a saúde pública”.

Segundo ele, grandes corporações do setor agropecuário brasileiro, entre elas a JBS e a BRF, adotavam procedimentos de barateamento dos produtos, visando exclusivamente aumentar os lucros, mesmo que em detrimento da qualidade do que era reado aos consumidores.

Para Grillo, a corrupção era intencional e partiu das corporações – de acordo com ele, não houve “extorsão” pelos fiscais.

No caso da BRF, ele afirma que o grupo tem um setor – gerência de relações institucionais e governamentais -, cuja principal função é “articular vantagens para a empresa”, como a transferência indevida de fiscais dos lugares onde eles trabalhavam.

De acordo com ele, era comum que a BRF exercesse “uma força” para retirar de suas áreas fiscais que estivessem sendo rigorosos e substituí-los por outros, da “banda podre”, como ele qualificou.

Segundo a decisão da Justiça, uma funcionária da empresa Peccin, envolvida nos casos investigados, relata a “a utilização de carnes estragadas na composição de salsichas e linguiças, a ‘maquiagem’ de carnes estragadas com a substância cancerígena ácido ascórbico, carnes sem rotulagem e sem refrigeração”.

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