Sete pessoas foram presas em dez estados do Brasil, entre eles Mato Grosso
A “Operação Calouro”, conduzida pela Polícia Federal (PF) do Espírito Santo (ES), prendeu ontem sete líderes de uma quadrilha que fraudou pelo menos 53 vestibulares de medicina, no período de um ano e meio, em dez estados e o Distrito Federal, incluindo Mato Grosso. Um mandado de busca foi expedido para o município de Água Boa (730 km de Cuiabá).
De acordo com o delegado Marcelo Augusto Xavier, da PF de Barra do Garças (550 Km de Cuiabá), responsável pela região, o mandado de busca já foi cumprido, mas não acharam o suspeito. O preço do esquema girava em torno de R$ 45 mil à R$ 80 mil.
O esquema funcionava de duas maneiras. A primeira, um aluno de medicina falsificava documentos e fazia o vestibular no lugar do cliente. Geralmente era um estudante com boas notas que ficava com uma quantia de R$ 5 mil a R$ 15 mil.
Na segunda forma, o estudante de medicina se candidatava no vestibular, resolvia as questões rapidamente e ava o gabarito através de equipamentos eletrônicos ou celular conectados com os alunos.
As pessoas que contratavam os serviços eram treinadas para saber como agir na hora de receber as respostas. Os serviços só eram pagos depois que o contratante era aprovado.
Em nota, a PF afirmou que 290 policiais foram designados para trabalhar na operação. Foram expedidos 70 mandados de prisão e 73 mandados de busca nos estados de Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins, Rio Grande do Sul, Acre, Mato Grosso, Piauí e Distrito Federal.
Duas pessoas que atuavam como corretores, responsáveis por convencer as pessoas a entrarem no esquema, foram presas no Espírito Santos. Seis líderes, entre eles empresários, um engenheiro e um médico, foram detidos em Góias, e o sétimo, estudante de medicina, em Minas Gerais.
A quadrilha atuava em universidades estaduais e privadas. As federais ficaram fora do esquema devido ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), prova mais extensa e restrita.
De acordo com a PF, os detidos responderão a inquérito pelos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, falsificação de documento, uso de documento falso e lavagem de dinheiro.
“É importante ressaltar a nocividade das quadrilhas que fraudam vestibulares, seja para as instituições, que são ludibriadas em seu processo de seleção dos melhores alunos interessados no ingresso, seja para o meio médico, que recebe profissionais completamente alheios aos princípios éticos, seja para a saúde pública em geral, que será atendida por profissionais com sérios desvios de conduta“, disse a PF através de nota.