
MidiaNews
Categoria pede por reajuste de tabela de honorários; cerca de 100 mil pacientes devem ser afetados
Aderindo ao movimento nacional, os médicos de Mato Grosso prometem suspender o atendimento aos planos de saúde em todo o Estado, na quinta-feira (11), para exigirem, entre outras coisas, reajuste de honorários de consultas e outros procedimentos, além do fim da intervenção das operadoras nas relações médico-paciente.
Os médicos deverão se reunir na próxima segunda-feira (15) e, caso não tenham recebido nenhuma proposta das operadoras e as negociações não avancem, podem estender o prazo de suspensão.
O movimento nacional, que terá início nesta quarta-feira (10), prevê a suspensão, por até 15 dias do mês de outubro, para a assistência eletiva. Apenas os atendimentos de urgência e emergência serão mantidos normalmente pela categoria.
De acordo com a assessoria do CRM-MT (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso), a paralisação vai atingir a todos os planos de saúde em atuação no Estado.
Ainda segundo a assessoria do Conselho, não há como mensurar o número de pacientes que serão prejudicados ou de médicos que irão cruzar os braços em Mato Grosso, por se tratar de uma adesão voluntária.
Porém, a estimativa é de que até 100 mil usuários de cerca de aproximadamente 35 planos de saúde fiquem sem atendimento no Estado.
Os pacientes deverão ser informados da paralisação e as consultas marcadas para a data de paralisação, remarcadas.
Insatisfação
Segundo o presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), Florentino Cardoso, a Saúde Suplementar vive uma crise em todo o país, com milhões de pessoas recorrendo ao SUS (Sistema Único de Saúde) em detrimento ao atendimento particular, mesmo quando possuem planos de saúde.
Além disso, uma pesquisa recente feita pela Datafolha, em parceria com a APM (Associação Paulista de Medicina), mostra que 77% dos usuários de planos de saúde em São Paulo enfrentam problemas no atendimento, com a superlotação dos hospitais e longas filas de espera – problema que é vivenciado por pacientes em todo o país.
As restrições impostas pelos planos de saúde para a realização de exames e internações em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) também estão na ponta da lista de mais da metade dos usuários.
“Há grande insatisfação de pacientes usuários do sistema, assim como de médicos prestadores dos serviços, conforme revelam inúmeras pesquisas de opinião e as reclamações de usuários nos órgãos de defesa do consumidor. Não é possível manter qualidade nos serviços com o atual aviltamento dos honorários médicos pagos”, disse.
Reivindicações
Os médicos reclamam que, apesar de os usuários terem que arcar com as despesas de reajustes nos valores cobrados pelas operadoras de planos de saúde, o mesmo reajuste não foi reado à categoria, que, em Mato Grosso, já estaria, há cinco anos, refém de uma mesma tabela de preços.
A categoria pede pelo fim do que chama de “interferência antiética” das operadoras na relação médico-paciente, bem como reivindicam a inserção, nos contratos, de índices e periodicidade de reajustes – por meio da negociação coletiva pelas entidades médicas – e a fixação de outros critérios de contratualização.
O atraso no ree dos pagamentos à rede credenciada também é uma reclamação em comum na categoria, que afirma esperar por meses para receber o pagamento de uma única consulta, razão pela qual grande parte dos médicos, ao menos na Capital, ou a atender apenas de forma particular, sem convênio.
Segundo o presidente da Fenam (Federação Nacional dos Médicos), Geraldo Ferreira, a paralisação é a única forma encontrada pelos médicos para pressionar os planos de saúde a avançarem as negociações.
“As reivindicações da categoria são essenciais. Entendemos que, sem uma pressão mais efetiva sobre os planos de saúde, eles dificilmente sentarão para negociar. Desta forma, uma mobilização por mais dias demonstra que, daqui para frente, os médicos tomarão medidas cada vez mais duras para uma melhor relação com o paciente”, afirmou.